A cirurgia ortognática é uma técnica utilizada para corrigir alterações de crescimento dos maxilares, conhecidas como anomalias dentofaciais, as quais podem originar distúrbios da mordida, articulações e respiração, e também repercutir na estética facial. Trata-se, portanto, de um procedimento estético-funcional capaz de restaurar a harmonia facial e a função mastigatória.
Esta técnica é indicada para vários tipos de anomalias ósseas, desde crescimentos deficientes a exagerados, em todos os sentidos. Para que possa ser realizada, após a diagnóstico da condição do paciente, várias avaliações são feitas para planejar a melhor forma de tratamento. Na criança, normalmente tenta-se corrigir o problema com o uso de aparelhos ortodônticos e ortopédicos que atuem também no crescimento ósseo. Porém, quando o portador da anomalia for adulto, o tratamento ortodôntico isolado não será suficiente para a correção, porque o processo de crescimento da face já terá se encerrado. Nesses casos, a cirurgia ortognática será necessária para a correção completa do problema.
De acordo com o docente do Departamento de Cirurgia, Prótese e Traumatologia Maxilofaciais, Prof. Dr. Fernando Melhem Elias, em alguns casos excepcionais, pode-se realizar o procedimento cirúrgico antes do final do crescimento ósseo, quando o paciente ainda for criança: “Isso acontece quando as deformidades são muito severas e causam no paciente alterações da estética facial que dificultam o convívio social e trazem consequências psicológicas importantes”. Nesses casos, uma segunda correção pode ser necessária no futuro, após o término do crescimento do indivíduo.
Como preparo para a cirurgia, o paciente deve ser submetido a um tratamento ortodôntico, no qual a posição dos dentes é corrigida em função das bases ósseas: os dentes superiores em relação à maxila e os inferiores à mandíbula. Nesta fase, não se deve buscar um melhor encaixe entre os dentes superiores e inferiores, ou seja, a correção da oclusão dentária. “O trabalho do ortodontista é o de preparar as arcadas dentárias para que o cirurgião corrija a oclusão no momento da cirurgia, com a movimentação das bases ósseas”, explica o Prof. Fernando.
Uma vez finalizado o preparo ortodôntico, é realizada a simulação da cirurgia, atualmente por métodos virtuais no computador. Com ela, cirurgião e paciente podem avaliar todas as possibilidades e visualizar os resultados estéticos com bastante precisão.
Após o procedimento cirúrgico, o paciente pode encontrar algumas dificuldades. A alimentação, higiene e fonação podem ser momentaneamente prejudicadas pelo inchaço acentuado dos tecidos moles. Apenas alimentos líquidos são permitidos e uma dieta balanceada é aconselhada. “Costuma ser mais difícil na primeira e segunda semanas. Geralmente com 30 dias o paciente já está apto a iniciar o retorno gradual às atividades rotineiras”, conclui o docente.
O resultado final é obtido após seis meses, sendo sempre importante o acompanhamento do cirurgião-dentista em todas as fases do pós-operatório. Neste período é realizada a finalização ortodôntica, ajuste fino da mordida, que geralmente dura de 3 a 6 meses. Só após essa fase será possível retirar o aparelho ortodôntico.
Existem três problemas principais que podem afetar a qualidade de vida do paciente que não procura por tratamento. Além das alterações estéticas, o portador das anomalias dentofaciais pode apresentar problemas funcionais e respiratórios. A articulações da mandíbula e a musculatura facial podem ser afetadas, causando dor e problemas de mastigação.
texto: Gabrielle torquato